Estado de sítio

Tive a sensação, apesar de muita gente ter estado optimista, que existiram menos pessoas este ano a participar activamente na marcha. Sempre o mesmo problema todos os anos. A exposição, o problema de dar a cara de aparecer nos jornais, o reconhecimento involutário por quem passa por uma das artérias mais movimentadas da capital ou ainda a célebre frase eu não me reconheço nas pessoas nem no desfile da marcha. Nem vou rebater etses velhos argumentos, pq já tantas vezes o fiz. O que eu queria falar era sobre a incoerência das pessoas. Custa-me ver a mobilização das pessoas ao acabar um jogo de futebol e vir tudo para a rua dar largas á sua alegria e ao seu pseudo-nacionalismo, custa-me ver a tão falada mobilização de mulheres em torno duma bandeira humana e a tão pouca mobilização em torno de causas e direitos fundamentais como é a marcha do orgulho. Como é que as pessoas se revêem em jogadores que ganham ordenados milionários (ganham mais num mês que qualquer pessoa em 5 ou 10 anos), que practicamente não pagam impostos, que trabalham 10 anos e ficam a gozar dos rendimentos, que correm 90 mins atrás duma bola e viram heróis quando a empurram para o fundo da baliza e não se revêem nem apoiam o vizinho do lado que é gay, o familiar que é gay, o amigo que é gay e os jogadores de futebol que tb são gays, não se revêem nem apoiam aqueles que têm orgulho de andar todos os dias de cabeça levantada de se assumirem como são sem verem nada de errado nisso e enfrentam as consequencias sociais no seu dia-a-dia e aqueles que lutam nas associações por direitos iguais. Haja coerência!